Acordava de um sonho meio estranho, envolvendo pessoas desconhecidas e alguns amigos que há tempos não me comunicava.
Já era tarde, 01h37min da manhã. Logo despertei, e mesmo assim minha respiração ainda era ofegante. Pensei o quanto era estranho recordar de todas essas coisas.
Tentei entender o porquê pensar tanto no amanhã fazendo esses inaceitáveis acontecimentos do meu cotidiano rodear minha atmosfera constantemente, me deixando transtornado ao ponto de ficar triste, pensativo e sem sono. Era o que mais me intrigava. E não havia razão para me preocupar tanto com futuros fatos, pensava sempre, mas, em vão.
Aos poucos, lembrava de tudo o que acontecera antes de dormir, o que me deixava confuso, algo que não terminei ou deixei de fazer – pensei em tantos episódios pré-sono que acabei por cansar minha mente, e tentar esquecer o que me deixara transtornado ao despertar era o que eu mais necessitava.
Despertei para a vida e percebi o quanto tinha a fazer em vez de ficar pensando nisso tudo, mexendo com minha mente, meu corpo e minha alma, envelhecendo-me ainda mais a cada instante em que algo de ruim me acontecia. Deixando de lado, algo de mais importante que as pessoas podem sentir, aquilo que nos rege, nos transporta para algum lugar em que sonhamos, que nos faz caminhar à procura do que almejamos - algo imprescindível para a nossa sobrevivência interior.
Pensei o quanto tinha esquecido o que realmente queria para mim, pensei também como faria para tentar recuperar esse tempo que estive aquém de vários acontecimentos. O mundo passava em minha frente e nem o via, histórias eram contadas e nem dava ouvido, pois estava em um universo repleto de pensamentos pelo qual não sabia de onde vinham e muito menos queria me envolver nessas coisas.
Persistir nesses fatos, nessa vida, nessa imaginação, tudo era indagado por mim – pensei o quanto era difícil largar esses pensamentos, esses desafios. Viver nessa angustia de tentar transformar algo que penso em um sentido exato para minha saga era mais importante pra mim.
Por vezes tentei mudar o rumo de alguns fatos, regendo meu próprio pensamento, pondo um rumo de alguma forma, pela força de minha vontade em algo que poderia de fato acontecer, prejudicando ainda mais minhas atitudes internas, meus instintos e minhas vontades. Sendo deixadas de lado para viver numa profunda intriga de pensamentos inoportunos diariamente.
A minha vida era transformada, adaptada a pessoas que nem sabiam o que realmente se passava. Histórias eram contadas e inventadas, me desgastando ainda mais. Tirando minhas forças a cada instante, a cada dia e hora, meus segundos tornavam-se longos, fazendo-me mergulhar numa constante idealização de fatos imaginados precocemente – o que acham? O que pensam? Todas essas perguntas eram feitas ao meu próprio instinto.
Enquanto isso, o mundo não parava de se transformar. A política se acirrava, o país entrava em crise, pessoas morrendo, crianças crescendo sem os pais mortos em confrontos políticos ou religiosos. Novas epidemias se alastrava, pessoas com temor de graves doenças se desesperavam e o terrorismo constante no outro lado do mundo não cessava, enfim.
Pensava nisso tudo todos os dias, no intuito de resolver ao menos a minha vida - tentava. Mas, a batalha de pensamento era constante, fazendo-me confundir ainda mais com os fatos, as mudanças. Minha vida tornava-se intensa todos os dias, sendo que nestes dias, teria que matar várias onças para eu poder sobreviver nessa imensidão de sonhos.
